Minha primeira reação ao saber que faria estágio com uma turma de alfabetização da E.J.A. foi sair correndo da escola, o que de fato ocorreu.
Percebendo que não haveria outra forma de estagiar, voltei conversei com a orientadora da escola, também conversei com a professora Jaqueline e menos nervosa dessas conversas.
Comecei a ler e reler textos sobre alfabetização de adultos quando, no texto de Giroux ele chama a alfabetização de “problema” e, de fato a alfabetização de adultos é mais do que um problema da alfabetização em si é um problema cultural, político e social, afinal de contas, um adulto que não sabe diferenciar uma letra da outra e ao vê-las não passa de um desenho, este adulto é cego diante de uma sociedade letrada, em que tudo gira em torno da leitura e da escrita.
Uma semana antes de iniciar o estágio, comecei, com licença da orientadora e da professora titular, a freqüentar as aulas para melhor conhecer os alunos, a percepção inicial é de que eles sentem necessidade de provar algo para alguém, que pode ser seus familiares, com discursos: “Vou provar a eles que eu consigo”. “Eles vão ver que sou capaz”. “Vou ler pra todos ouvirem”, enfim, como dizia Gramsci que as pessoas deveriam lutar pela educação e é essa a impressão que tive dessas pessoas, elas estão lutando por seu lugar na sociedade.
Referência:
Antonio Gramsci, citado por James Donald, "Language, Literacy, and Schooling", in The State and Popular Culture (Milton Keynes: Open University, U203 Popular Culture Unit, 1982), p. 44. Com referência às observações de Gramsci sobre a linguagem, ver Antonio Gramsci, The Modern Prince and Other Writings, trad. de Louis Marks (Nova York, New World Paperbacks, 1957), passim; Selections from the Prison Notebooks, org. Q. Hoare e G. Nowell Smith (Nova York, International Publishers, 1971); e Lettersfrom Prison (Londres, Jonathan Cape, 1975).
Para uma discussão crítica das teorias de reprodução e resistência, ver Henry A. Giroux, Theory and Resistance in Education; ver também J. C. Walker, "Romanticising Resistance, Romanticising Culture: Problems in Willis's Theory of Cultural Production", British Journal of Sociology of Education, 7: 1 (1986), pp. 59-80.
Um comentário:
Angélica,
Adorei saber um pouquinho mais sobre sua prática de estágio. Tenho certeza que vc se sairá muito bem, pois pelo que tenho te acompanhado até o momento vc é extremamente capaz de ousar e trabalhar com público por enquanto "desconhecido".
Bjos e sucessoooo!
Postar um comentário